Mesmo em países mais ricos e desenvolvidos como os EUA, existem diferenças significativas no acesso ao tratamento pelo transplante de fígado (TF) para certas minorias incluindo hispânicos e asiáticos, que tendem a ser listados em fases mais avançadas de suas doenças e consequentemente com MELDs mais elevados e piores evoluções tanto em lista como após o TF. Pacientes beneficiários da saúde pública também são listados com MELDs maiores e têm piores evoluções em relação aos que têm planos privados.

A localização geográfica dos pacientes também desempenham uma barreira importante ao TF nos EUA com pacientes moradores de áreas rurais tendo menores taxas de entrada em lista e transplantação. Entretanto, a distância de moradia de um paciente ao centro de transplante não afeta o resultado do procedimento.

Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte – EUA avaliaram se a disponibilidade de subespecialidades nas regiões geográficas diferentes afetam o sucesso do TF à população de hepatopatas crônicos das áreas analisadas.

No período de 2002 a 2010, 1485 adultos foram encaminhados de diversas regiões para a Universidade da Carolina do Norte para serem avaliados para TF, 604 (41%) foram listados e 242 (16%) foram transplantados. Hepatites B e C foram as causas mais frequentes (44%), seguidas de esteatohepatite/ cirrose criptogênica (19%) e cirrose alcoólica (17%).

A distância da moradia ao centro transplantador não diferiu entre os transplantados e não transplantados. Não houve diferença entre a atenção básica à saúde, número de hospitais ou número de leitos entre as regiões com maior ou menor número relativo de transplantes. Entretanto, o número de gastroenterologistas foi maior nas regiões onde houve ocorreram mais TF, havendo um aumento de 12% na chance de TF para cada gastroenterologista por 100 mil habitantes enquanto cada ponto a mais no MELD aumentou esta chance em 11%.

A importância dos gastroenterologistas não esteve no encaminhamento, pois o MELD equilibra esta situação, mas sim nos cuidados após a inserção destes pacientes na lista de espera, com o reconhecimento precoce de descompensações, com o tratamento de acordo com diretrizes e protocolos e com manutenção do paciente em condições mais estáveis enquanto aguarda o TF.

Pacientes beneficiários do sistema público obtiveram menor sucesso para serem listados e transplantados devido às suas dificuldades para realização de exames e tratamento antes do TF.

(Barritt e cols, Liver Transplantation abril 2013)