Do ponto de vista cirúrgico o fígado não se divide em direito e esquerdo no ligamento falciforme.

Uma linha imaginária que passa pelo leito da vesícula biliar e segue posteriormente em direção da veia cava, chamada linha de Cantlie, que realmente divide o lobo direito e esquerdo. Atualmente, descreve-se a fissura principal que passa na borda medial do leito da vesícula em direção ao lado esquerdo da veia cava.

Na década de 50, diversos autores descreveram que cada um dos lobos divididos pela linha de Cantlie, dividia-se em 2 setores:

Lobo D – setor anterior e setor posterior

Lobo E – setor medial e setor lateral

Em 1957 Couinaud detalhou estes estudos e demonstrou que cada setor dividia-se em dois segmentos, com irrigações arterial e portal e drenagem venosa e biliar próprias e independentes, definindo-se um total de 8 segmentos hepáticos:

Segmento I – lobo caudado cuja irrigação é feita a partir do pedículo portal E

Setor Lateral E – segmentos II e III

Setor Medial E – segmento IV

Setor Anterior D – segmentos V e VIII

Setor Posterior D – segmentos VI e VII

Já a drenagem venosa hepática é feita por 3 veias principais, direita, média e esquerda, que ocupam planos chamados de fissuras portais e dividem o fígado em 4 setores, cada um deles dividido em dois segmentos pelo pedículo portal. A veia hepática direita, localizada na fissura portal direita, divide os setores anterior e posterior do lobo D, a veia hepática média, situada na fissura portal média, divide o setor anterior do lobo D do setor medial do lobo E, anatomicamente a divisão entre os lobos D e E e a veia hepática esquerda, situada na fissura portal esquerda, separa o setor medial do setor lateral do lobo E.

O segmento I tem drenagem venosa própria diretamente para a veia porta.

O pedículo portal, que constitui a tríade formada por veia porta, artéria hepática e via biliar, dentro do fígado, insere-se centralmente em cada setor e novamente subdivide-se em novos pedículos que novamente inserem-se centralmente nos segmentos hepáticos. Todos estes pedículos são envolvidos por uma bainha de tecido conjuntivo, descrita por Glisson em 1654 e por isso descritos por Couinaud como pedículos glissonianos.

A primeira ressecção hepática foi descrita por Lortat-Jacob e Robert em 1952. As técnicas cirúrgica e anestésica avançaram possibilitando cada vez mais ressecções sob domínio anatômico e clínico, com sangramentos cada vez menores.

As técnicas de ressecção hepáticas são classificadas como regradas e não regradas. As técnicas regradas envolvem o controle do pedículo vascular (irrigação) e da drenagem venosa (efluxo) para depois ocorrer a secção do parênquima. As técnicas não regradas envolvem a secção do parênquima sem a preocupação com o controle vascular do pedículo correspondente à área de ressecção previamente.

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Source: HPB 2000; 2(3):333-39

Terminology Committee of the International Hepato-Pancreato-Biliary Association