Câncer de Pâncreas – Fatores de Risco

O pâncreas é formado por 3 tipos de tecidos:

1) Acinar, que compões 80% do órgão e produz enzimas para a digestão de proteínas e gorduras;

2) Ductal, correspondente de 10 a 15% do pâncreas e conduz as enzimas produzidas pelos ácinos para o trato digestivo;

3) Endócrino (Ilhotas), responsáveis por 1 a 2% do tecido pancreático e compostas por diversos tipos de células produtoras de hormônios, entre eles a insulina, responsável pelo controle do açúcar no sangue.

90 a 95% dos tumores malignos do pâncreas são do tecido exócrino (ácinos e ductos), chamado de adenocarcinoma ductal, motivo pelo qual será este o tipo de tumor analisado nos próximos parágrafos.

Sua incidência vem aumentando, ocupa a 7ª colocação em incidência entre os diversos tipos de câncer e já é a 4ª causa de morte por câncer nos países ocidentais, com expectativa de ser a 2ª a partir de 2030, ficando atrás apenas do câncer de pulmão.

Ocorre duas vezes mais em homens que em mulheres.

Existe uma população de risco conhecida, com características genéticas específicas, que podem corresponder a 10% dos casos de câncer de pâncreas, tais como:

Síndrome de Peutz-Jeghers, câncer de mama com mutação BRCA2, síndrome familiar de melanomas múltiplos, parentes de primeiro grau com câncer de pâncreas, síndrome de Lynch.

Em portadores destes problemas, existem propostas de rastreamento que envolvem a realização de ecoendoscopia ou ressonância nuclear magnética. O início do rastreamento varia nos diversos centros, não havendo consenso, podendo ser aos 35 anos de idade ou 10 anos mais jovem que o familiar mais novo que teve este problema ou a partir dos 50 anos.

Nos 90% restantes, diversos fatores de risco têm sido apontados.

Grupos da China, Nova Zelândia e Estados Unidos publicaram recentes importantes revisões sistemáticas explorando estudos sobre os fatores de risco que aumentam a incidência de câncer de pâncreas.

Algumas lesões benignas do pâncreas tais como cistos devem ser bem avaliados e acompanhados. Qualquer outro nódulo, não cístico é suspeito e deve ser investigado.

O fator de risco mais apontado é o cigarro, seguido por obesidade e abuso de álcool.

Entre as dietas, existem evidências de aumento do risco em homens que alimentam-se rotineiramente de carne vermelha ou processada. Este efeito parece não ocorrer em mulheres.

Os fatores protetores citados são frutas e vegetais. Vegetais parecem proteger contra pancreatites e frutas contra o câncer de pâncreas.

Alguns fitoquímicos presentes no açafrão da terra e no melão de São Caetano são citados como protetores ou apoiadores no tratamento em estudos isolados.

Entre os suplementos, Vitamina C, Vitamina D e melatonina parecem exercer efeitos protetores relacionados a proteção celular, antioxidação e modulação imunológica, ainda sob investigação.

Diabetes parece ser fator de risco ou consequência mas pode ser um sinal de alarme. Cerca de 1% dos pacientes que desenvolvem diabetes após 50 anos podem ter um tumor no pâncreas.

Alguns tipos de medicações inibidores da GLP-1, utilizadas no tratamento de diabéticos, também aumentam a incidência de câncer de pâncreas, fato de não ocorre com outros hipoglicemiantes orais.

A Metformina, antidiabetogênico utilizado no tratamento de diabetes tipo 2, parece reduzir o risco de câncer de pâncreas além de ser estudada como uma medicação que ajuda no tratamento por provável efeito antiproliferativo nas células do pâncreas.

Trata de uma doença da modernidade e seu principal crescimento ocorre nos países desenvolvidos, onde a obesidade, o diabetes, o sedentarismo, dietas ricas em carboidratos, gorduras saturadas e trans, e a síndrome metabólica estão aumentando em incidência.

A alta letalidade desta doença está associada a falta de exames preventivos, a realização de diagnósticos tardios, e a elevada incidência de metástases que são uma das suas características.

Ainda não existem consenso quanto às recomendações de rastreamento a pacientes fora dos grupos de risco citados.

Entretanto, em medicina personalizada, através da investigação clínica, características individuais, características genéticas, ambientais ou familiares, pode-se recomendar a realização de exames de rastreamento mesmo na ausência dos fatores de risco conhecidos.