CISTOS HEPÁTICOS NÃO PARASITÁRIOS E NÃO BILIARES:

Cistos Simples

São formações hepaticas simples, encontradas em 6 a 10% dos exames de imagem.
Ocorrem mais frequentemente com a idade, havendo publicações que mostram mais da metade dos pacientes acima de 60 anos com um ou mais cistos.
Podem ser únicos, múltiplos ou difusos e medir de 1 mm a mais de 20 cm, sendo mais frequentes em mulheres , numa incidência de 2:1 em relação aos homens.
Cistos simples não apresentam comunicação com as vias biliares e geralmente são congenitos.

Seus diagnósticos são geralmente incidentais e complicacões são raras e podem acontecer apenas em cistos maiores.

Ultrassonografias são sensíveis e definem o diagnóstico em 90% dos casos.

Tomografias e Ressonâncias apresentam sensibilidade diagnóstica em 97% dos cistos.

Raramente apresentam calcificações e não devem exibir irregularidades e nem vegetações no seu interior.

Quanto produz sintomas ou efeitos de massa, devem ser tratados .
Aspiração e escleroterapia podem ser empregados, com chances de recorrência de 20 a 30%.
Após destelhamento realizado por laparoscopia, a recorrência ocorre em 10 a 25%.
Na suspeita de cistadenoma, o cisto deve ser ressecado.

Doença Policística

Caracteriza-se pelo desenvolvimento de múltiplos cistos semelhantes aos cistos simples.
Dividem-se em : 1) hamartomas, não hereditários , em 0,7 a 5% da população ; 2) doença policística isoldada hepatica (hereditária, autossômica dominante), em 1/400 a 1/1000 indivíduos ; 3) doença policística hepatica e renal (hereditária, autossomica dominante) em 1/100.000 a 1/1.000.000.

A maioria dos pacientes são assintomáticos e na fase adulta podem surgir dor ou sintomas compressivos levando a distúbios alimentares como refluxo, empachamento, anorexia e perda de peso.
São mais frequentes em mulheres.
As complicações mais frequentes são hemorragia, ruptura e infecção e se houver progressão da doença podem ocorre ascite , hipertensão portal e até insuficiência hepatica.
Complicações são mais frequentes nos portadores de doença policística hepatica e renal.

Pacientes assintomáticos não necessitam tratamento. Mulheres devem interromper uso de contraceptivo oral e análogos de somatostatina podem reduzir o volume dos cistos após 6 meses de uso, porém com pequeno impacto na qualidade de vida.

Pacientes sintomáticos podem ser submetidos ao tratamento de alguns cistos com escleroterapia ou destelhamento laparoscópico, procedimentos que podem ser realizados mais de uma vez se necessário.

Quanto ocorre síndrome compartimental, o transplante de fígado, isolado ou associado ao rim, pode ser indicado.

Cistadenoma

São neoplasias raras que contribuem com menos de 5% dos tumors biliares.
Caracterizam-se por serem solitários e multiloculados e ocorrem em mulheres a partir da 4a década de vida, não sendo relacionados ao uso de contraceptivos.

Seu conteúdo é mucinoso e podem atingir dimensões acima de 20 cm. Apresenta parede revestida por epitélio colunar cubóide e 85% apresentam estroma semelhante ao ovariano, suspeitando-se de que ocorra migração de células ovarianas que se implantam no fígado no período embrionário.

Podem desenvolver cistoadenocarcinoma em 10% dos casos.
Curiosamente, a incidência de cistoadenocarcinoma é semelhante entre homens e mulheres e são mais agressivos nos homens.

Seu diagnóstico é incidental e apenas os cistos maiores podem produzir sintomas.

Tomografia e Ressonância podem ajudar no diagnóstico, mas permanence difícil a diferenciação de cistoadenoma e cistoadenocarcinoma. A presença de calcificações, componentes sólidos e císticos, favorece o diagnóstico de cistoadenocarcinoma.

Não recomenda-se aspiração pelo risco de disseminação em caso de ocorrência de cistoadenocarcinoma.

O tratamento é cirúrgico e deve envolver ressecção hepática.