Cirrose Hepática está associada a diversas complicações, sendo as mais graves e principais a ascite, encefalopatia, hemorragia digestiva e aparecimento de hepatocarcinoma. Entretanto, problemas clínicos também relacionados à cirrose, que ocorrem com frequência e pioram a qualidade de vida do paciente mas representam um risco menor ao seu tempo de vida, talvez por este motivo, são menos estudados e seus tratamentos pouco padronizados. Estes sintomas mais comuns são insônia, câimbras, fadiga e prurido.

Insônia é muito comum em cirróticos e apresenta-se como sonolência durante o dia, despertar noturno e dificuldade para iniciar ou permanecer dormindo. As causas da insônia no hepatopata podem ser diversas incluindo propriedades circadianas e homeostáticas. Pacientes com cirrose e esteatohepatite podem apresentar apnea obstrutiva do sono. A insônia do hepatopata pode ser classificada como: 1) causas secundárias, 2) medicamentosa ou dietética, 3) ambiental. A utilização de hipnóticos não é recomendada porque pode alterar o estado de consciência e confundir com quadros de encefalopatia.

Cãimbras musculares são contrações involuntárias e geralmente de curta duração que afetam a maioria dos cirróticos e podem afetar sua qualidade de vida. Devem ser diferenciadas de mialgias, miosites e rabdomiosites através da dosagem de creatinoquinase e aldolase. As causas geralmente relacionam-se a desregulação em 3 áreas: 1) função nervosa, 2) metabolismo energético e 3) volume plasmático e equilíbrio hidroeletrolítico. O tratamento pode ser baseado em reposição de vitamina E 400 mg / dia e Myonal (eperisone) 150 a 300 mg / dia. Taurina 3 g / dia e aminoácidos de cadeia ramificada 4 g 2 x / dia também podem ser úteis. É muito importante limitar diuréticos, equilibrar eletroliticamente e repor zinco 220 mg 2 x / dia.

Fadiga ocorre com frequência em cirróticos e não está relacionada à função hepática. Pode estar associada a depressão e fisiopatologicamente envolve desregulação do sistema nervoso central, grupos musculares periféricos, hormônicos e citoquinas inflamatórias. Não há tratamento padronizado mas existem numerosos antioxidantes, vitaminas, antidepressivos (fluoxetina) que são utilizados com resultados controversos. Outros quadros associados devem ser investigados e tratados como anemia, doença celíaca e hipotireoidismo.

Prurido é frequente em pacientes com colestase mas pode ocorrer em diversas outras situações como gravidez, intoxicação por drogas, stress e obstrução biliar micro ou macroscópica. O prurido piora durante a noite, afeta extremidades e pode levar a complicações físicas e psicológicas. Geralmente envolve 3 processos: 1) problema na excreção biliar, 2) redução do metabolismo hepático e 3) efeitos colaterais de opióides e serotoninas. As opções de tratamento, uma vez excluídas as hipóteses de obstrução biliar, estão na tabela abaixo:

Clinical Liver Disease, Vol 7, No 1, January 2016