A apresentação clínica da cirrose biliar primária (CBP) mudou recentemente, com diagnóstico mais precoce em jovens, principalmente mulheres, assintomáticas, com elevação de enzimas hepáticas principalmente canaliculares e alterações histológicas incipientes.

Nesta situação, o manuseio clínico é diferente, tendo como metas evitar o avanço para cirrose, colestase grave, prurido, insuficiência hepática ou desenvolvimento de hepatocarcinoma (HCC).

Devido ao seu carácter autoimune, uma série de medicações já foi testada, sem benefício comprovado, entre elas:

azatioprina, metotrexate, micofenolato, prednisona, ciclosporina, penicilamina, colchicina, talidomida, silimarina e atorvastatina.

Nas últimas duas décadas, o ácido ursodeoxicólico (ursacol) tem sido o tratamento de escolha. Na dose de 13 a 15 mg/kg/dia leva a redução dos níveis de enzima, bilirrubinas, colesterol e imunoglobulinas, além de melhorar o quadro histológico e, com uso prolongado, retardar a evolução da doença.

A utilização de fibratos (160 a 400 mg/dia – bezafibrato ou fenofibrato) tem apresentado bons resultados em estudos iniciais no Japão. A adição desta droga aos pacientes não respondedores ao ursacol, resultou em redução da colestase, prurido, citólise e marcadores inflamatórios como interleucinas 1 e 6, além de melhora histológica após 1 anos de tratamento associado.

A associação de budesonida ao ursacol, na dose de até 9 mg / dia, também levou a melhora da resposta enzimática e histológica em pacientes não respondedores ou respondedores parciais a ursacol em 3 estudos.

Assim, entre os 40% de pacientes com CBP não respondedores ou respondedores parciais ao ursacol, a adição de fibratos ou budesonida pode ser oferecia aos pacientes.