Malczak e cols
HPB 2020
O câncer de pâncreas (CP) foi responsável por 4,5% de todas as mortes por câncer em 2018.
A ressecção cirúrgica é parte fundamental do seu tratamento mas apenas 20% dos casos diagnosticados são ressecáveis.
Recentemente duas alternativas visam aumentar a ressecção cirúrgica : tratamento neoadjuvante e ressecção vascular.
Ressecções venosas são rotineiras mas ressecções arteriais são questionáveis e pouco realizadas.
O maior questionamento da ressecção arterial (RA) é o aumento de morbimortalidade frente ao aparentemente pequeno benefício colhido.
Essa revisão visa resumir os principais estudos disponíveis na literatura comparando dados peri e pós-operatórios.
1082 artigos foram revistos conforme seus títulos e resumos.
65 foram selecionados para análise do texto completo e então 19 para fazerem parte da revisão
2710 pacientes foram incluídos nestes estudos entre os quais 263 submetidos a ressecções arteriais.
5 estudos relataram mortalidade relacionada a ressecção arterial, que ocorreu em 29/263 pacientes (11%), comparado a 88/2447 (3,6%) da pancreatectomia padrão, obtendo-se um risco relativo 4 X maior quando associada a RA.
10 estudos reportaram morbidade que estiveram presentes em 70/145 (48,3%) pacientes submetidos a RA comparados a 296/878 (33,7%) submetidos a pancreatectomias sem RA.
Não houve diferença entre a ocorrência de fistulas pancreáticas nem biliares.
7 estudos mostraram que RA foi associada a maior risco de sangramento (10/92 – 10,9%) em relação a pancreatectomias sem RA (59/1013 – 5,8%)
Não houve diferenças nas complicações cardíacas e pulmonares e não houve diferença no tempo de hospitalização pós-operatória comparando os grupos com e sem RA.
Não houve diferença entre a obtenção de margens R0, assim como de sobrevida em 1 ano, e a sobrevida em 3 anos foi superior no grupo sem RA.
Outros estudos demonstraram maiores taxas de ressecções R0 sobrevida em pacientes submetidos a RA.
Essa revisão mostrou resultados semelhantes entre pancreatectomias com e sem RA , mostrando que a RA pode levar a resultados melhores que cuidados ou cirurgias paliativas.
Todos os estudos revistos eram observacionais.
Os autores concluíram que RA em câncer de pâncreas é associada a aumento da mortalidade e das complicações, principalmente sangramento pós-operatório.