Rodriguez e cols
Mayo Clinic Arizona
Liver Transplantation 26, 693-701, 2020
Hipertensão Portal é definida por gradiente de pressão > 6 mmHg e pode evoluir com ascite, varizes de esôfago e encefalopatia hepatica.
Em pacientes cirróticos, a hipertensão portal resulta da deposição de colageno e formação de nódulos regenerativos que eventualmente levam a aumento na pressão portal, que é então compensada por vasodilatação esplâncnica e consequente aumento no fluxo portal e continua piora na pressão portal (Lei de Ohms).
Quando ocorrem 2 complicações da hipertensão portal (HP), o risco de mortalidade atinge 80% em 5 anos.
Shunts portossistêmicos (SPS) são colaterais que desviam da alta resistência do sistema porta em direção a um sistema de baixa pressão no território sistêmico. Os principais vasos que exercem essa função são vasos embrionários colapsados e o número de shunts tem sido associado a piora da HP e a angiogênese por fator de crescimento endothelial.
SPS grandes têm sido relacionados a hepatopatias crônicas mais avançadas, com elevados MELD-Na e Child-Pugh e a presença de SPS está associada a menor sobrevida sem transplante.
Esse estudo avaliou o impacto do SPS préTx nas sobrevidas do paciente e enxerto após Tx.
Foram avaliados retrospectivamente pacientes com SPS diagnosticados com tomografia computadorizada (TC) ou ressonância nuclear magnética (RNM), que foram classificados com grandes ( > 8 mm ) ou pequenos ( < 8 mm ).
423 pacientes transplantados entre 2013 e 2017 foram analisados e 326 preencheram critérios de inclusão. Destes, 263 tinham evidências de SPS, sendo 113 grandes , 150 pequenos e 63 sem SPS.
HCC esteve associado a menos SPS enquanto ascite e encefaloatia correlacionaram-se com o calibre do SPS.
Não encontrou-se relação entre o calibre do SPS e sangramento por Varizes de Esôfago, peritonite bacteriana espontânea (PBE).
O maior diâmetro do SPS correlacionou-se a trombose de veia porta(TVP) – grande – 13,3% x pequeno – 6,7% , mas não houve diferença estatisticamente significativa.
Pacientes com SPS grandes tiveram maior MELD-Na+, com diferença de 2 pontos ( 20 x 18 ).
Ocorreu menor incidência de HCC em pacientes com maior SPS (30%) x menor (43%) e sem SPS (60,3%).
O SPS não interferiu na cirurgia e 5 pacientes requiseram ligadura, todos com SPS entre 11 e 22 mm, para melhorar ao fluxo portal.
Não houve diferença de sobrevidas do paciente em enxerto quando comparados presença de SPS grandes, pequenos e ausentes.
Esse estudo confirmou que os SPS são marcadores da piora da função hepatica.
Concluíram os autores que a presença de SPS pré-Tx não associou-se a pior sobrevida de paciente e enxerto após Tx.