Shenoy , Pan e Fontana Un Michigan Clinical Liver Disease. 2022;00:1–4
Colangiocarcinoma intrahepático (iCCA) é um câncer agressivo que origina-se à partir dos ramos biliares secundários.
Seus fatores de risco são hepatites crônicas , fibrose ou cirrose hepatica, doenças biliares crônicas, colangites de repetição, embora em muitos casos não há fatores de risco presentes.Sua incidência dobrou nas últimas duas décadas para 1,6 casos /100.000 habitantes nos EUA.
Em cerca de 12 a 40% dos pacientes, a ressecção é possível , mas a mediana da sobrevida é menor que 3 anos .
Ziogas publicaram revisão sistemática e metanálise , com 18 estudos envolvendo 355 pacientes, observando que casos precoces ( único < 2 cm ) ou aqueles com doença avançada submetido a tratamento neoadjuvante podem se beneficiar de transplante de fígado, com sobrevida global e livre de doença em 1 , 3 e 5 anos respectivamente de 75%, 56% e 42%, e 70%, 49% e 38%.
Sapisochin e cols avaliaram 48 pacientes submetidos a TF com iCCA no explante, 33 com doença avançada (até 2 tumores entre 2 e 5 cm) e 15 com doença precoce (único < 2 cm), observando sobrevidas em 5 anos de 65% e 61% respectivamente. Invasão microvascular e tumor pouco diferenciado foram fatores de risco para recorrência.
De Martin e cols estudou 75 pacientes com cirrose e iCCA < 5 cm que foram submetidos a TF (n=49) ou ressecção (n=26) e seguidos por um período médio de 25 meses, e observaram sobrevida em 5 anos livre de recorrência de 75% e 36%, com recorrências neste período de 18% e 46% respectivamente, mas sobrevida global em 5 anos semelhantes. Os autores observaram sobrevidas global e livre de recorrência semelhantes em tumores < 2 cm e que a biologia e a diferenciação tumoral foi mais importante que o diâmetro em análise multivariada.
Lunsford e cols avaliaram prospectivamente 6 pacientes com iCCA irressecável que receberam terapia neoadjuvante com gemcitabina e foram submetidos a transplante de fígado após 6 meses sem progressão da doença e observaram sobrevida global em 1 e 5 anos de 100% e 83%, com 50% de recorrência após 7,6 meses em média. Esse estudo envolveu pacientes com tumores > 2 cm e na análise multivariada, o tamanho do tumor não interferiu na evolução. O mesmo estudo foi expandido para 18 pacientes e a sobrevida de 1 e 5 anos atinge 100% e 57% , com recorrência de 38% em 5 anos.
Estudo retrospectivo de Ito e cols identificou 10 pacients que receberam TF para tratamento de iCCA após QT neoadjuvante com 5 FU , capecitabina ou gemcitabina combinados com cisplatina , leucovorin e oxaliplatina com radioterapia locorregional. O tamanho dos tumores não influenciou na sobrevida que foi 100% em 5 anos.
Os TF devem ser pensados após 6 meses de estabilidade ou resposta da doença ao tratamento neoadjuvante , não sendo indicado em pacientes com tumor biologicamente agressivo. Alguns estudos propões ecoendoscopia ou laparotomia prévios à colocação do paciente em lista para exclusão de doença linfonodal. Reestadiamentos devem ser feitos a cada 3 meses.
Recomenda-se Situações Especiais (pontuação adicinonal ao MELD) a este grupo de pacientes , de forma similar ao HCC.
Baseados na literatura atual , pacientes elegíveis devem preencher os seguintes critérios :
1)iCCA irressecável < 5 cm no maior diâmetro, sem evidência de invasão microvascular ou indiferenciação na biópsia ;
2) ausência de invasão vascular ou doença extrahepática na RNM ou TC até 3 meses antes da listagem ;
3) seguimento > 6 meses após neoadjuvância com ou sem tratamento locorregional , com estabilidade da doença ;
4) ecoEDA ou minilaparotomia para excluir metástase linfonodal.
Ainda não está definido o papel do PET CT no estadiamento.
A incidência de iCCA ainda é baixa e portanto a necessidade de TF também será , e TF com doador vivo também pode ser uma opção nestes pacientes.
Conclusão
Pacientes com iCCA limitado ao fígado , irressecáveis, podem ter bons resultados , semelhantes aos do HCC, com tratamento baseado em QT e TF .